Quem trabalha há mais ou menos tempo em design no geral ou em user experiencie (UX) ou digital product design em particular, o termo design thinking não lhe será com toda a certeza novo. Seja um termo utilizado recorrentemente na equipa de trabalho ou uma “baseword” que já se cansou de ouvir no mercado, o tópico é hoje mais utilizado que nunca.
Sobre o design thinking na comunidade de design também vamos assistindo a dois tipos de reações distintas. De um lado temos aqueles profissionais que dizem que o pensamento, mais que o termo, sempre fez parte da identidade da disciplina e que toda esta novidade não passa de uma “mania”. Do outro lado do espetro, temos aqueles profissionais que reconhecem no mindset uma evolução importante para a disciplina e a sua importância para a relação com profissionais completamente indiferentes às práticas do design.
É um debate fervoroso e até bastante frequente na comunidade do design. Sem querer tomar nenhum tipo de partido nesta questão (pelo menos por enquanto), com alguma investigação é possível encontrar algum valor nos argumentos dois lados da moeda.
Sobre o design thinking
Independentemente da perspectiva com que se possa olhar para o design thinking, é sempre bom começar por conhecer bem do que se trata afinal de contas. Aliás, estar informado e conhecer em profundidade o sentido das coisas é a única ferramenta que temos para não cair em trivialidades ou opiniões mal formadas.
Nas palavras de Tim Brown, Executive Chair da IDEO uma das principais empresas associadas ao design thinking e a quem muitas vezes se atribui alguma “paternalidade” do termo, design thinking pode ser definido como sendo “uma abordagem para a inovação centrada no ser humano que se baseia nas ferramentas do design para integrar as necessidades das pessoas, as possibilidades da tecnologia e os requisitos para o sucesso dos negócios.”
História contada através dos livros
Contudo, para compreender bem o sentido e evolução do conceito de design thinking thinking hoje, é fundamental olhar também de uma perspetiva histórica. A história com todos os seus méritos e deméritos, tem a mais-valia de nos ajudar a perceber o porquê das coisas nos nossos dias.
Apesar de ser ainda hoje bastante complexo definir aquilo a que chamamos de “história do design thinking” não é difícil encontrar nas muitas perspetivas alguns pontos comuns, ou melhor dizendo, alguns livros em comum.
Não sendo, nem de perto nem de longe, a única maneira de desenhar o percurso evolutivo do termo design thinking, a verdade é que olhar para muitos dos livros que foram ao longo dos tempos sendo publicados não só sobre o termo em si, mas principalmente sobre os seus conceitos fundamentais, ajuda bastante a perceber a sua evolução.
A seleção de livros aqui sugerida é isso mesmo, uma sugestão. Uma escolha que embora seja sempre em última análise pessoal, tenta identificar muitos dos principais livros associados a uma possível história do design thinking.
Título The sciences of the artificial
Autor Herbert A. Simon
Ano 1968
Título The universal traveler – a soft-systems guide to creativity, problem-solving and the process of reaching goals
Autor Don Koberg e Jim Bagnall
Ano 1971
Título Experiences in visual thinking
Autor Robert McKim
Ano 1972
Título How to see – a guide to reading our man-made environment
Autor George Nelson
Ano 1977
Título How designers think – the design process demystified
Autor Bryan Lawson
Ano 1980
Título Design for the real world
Autor Victor Papanek
Ano 1985
Título Design thinking
Autor Peter Rowe
Ano 1991
Título Wicked problems in design thinking (artigo)
Autor Richard Buchanan
Ano 1992
Título Change by design
Autor Tim Brown
Ano 2009
Título The design of business
Autor Roger Martin
Ano 2009
Ainda está tudo por escrever
Olhar para o passado dá-nos um conhecimento mais profundo do presente. Mas, o contexto e desafios que temos hoje, são bem diferentes de cada uma das épocas em que cada um destes livros foi escrito. Seja qual for a relação que se possa ter com o design thinking, numa coisa toda a comunidade de design concordará.
O design pode e deve ser um contributo valioso para a resolução de muitos dos desafios das pessoas de hoje. Consigamos nós designers, com design thinking ou qualquer outra ferramenta, ter as oportunidades e capacidades de encarar cada um desses desafios.
Fotografia © Patrick Tomasso (Unsplash)