Acessibilidade digital

A utilização do termo “criativos” neste texto relacionado essencialmente com acessibilidade, deve ser lido com a maior abrangência possível. Por “criativos” entende-se uma pessoa que olha para o mundo com uma visão crítica e procura, através das suas ações do dia-a-dia, criar uma sociedade mais fraterna para qualquer pessoa, independentemente da sua raça, crença, educação, estrato social ou limitações.

É sempre interessante começar qualquer debate em torno do tema da acessibilidade digital pela própria definição do conceito. Neste campo, como em muitos outros relacionados, os consensos não são necessariamente fáceis de alcançar. Mas, independentemente das abordagens ou perspetivas que se possam ter, não será descabido definir acessibilidade digital, como a possibilidade de qualquer pessoa, independentemente das suas limitações físicas ou psíquicas, aceder à uma informação ou serviço através de um qualquer produto ou interface digital.

Mitos da acessibilidade

Qualquer pensamento em torno do tema da acessibilidade digital é impossível começar sem se pensar primeiro nos muitos mitos. Por norma, todos os mitos que circundam o tema da acessibilidade refletem alguma falta de informação. Por conseguinte, quando exploramos mais a fundo cada um desses mitos, vemos que não passam de meros lugares comuns e que na prática têm muito pouco de concreto.

Um dos mitos mais recorrentes, e por ventura com menor fundo de verdade, é que trazer o tema da acessibilidade é extremamente dispendioso. Falando por outras palavras, fazer com que um produto, possa ser utilizado por pessoas com diferentes limitações é algo que vai encarecer o preço do projeto.

Por outro lado, outro dos mitos recorrentes, é o de que o número de utilizadores de que eventualmente estaremos a falar, não é relevante. Existe a ideia errada que o número de utilizadores relacionados com o tema da acessibilidade é muito reduzido ao ponto de puder ser descartado. Neste mito existe também uma premissa que deveria ser o oposto da visão, missão ou valores de qualquer marca. Equacionar que se pode “descartar” alguém só porque não encaixa no perfil do “consumidor perfeito” a que a marca se gosta de direcionar. Não deveriam as marcas, para além de agentes fundamentais da economia, ser também actores principais da mudança na sociedade?

Lugares comuns do digital

A conversa dos mitos em torno da acessibilidade começa a ficar mais complexa, quando os cruzamos com aquilo que são os lugares comuns do digital e que qualquer pessoa reconhece facilmente como verdades nos dias de hoje.

Dizer nos nossos dias que o digital chega a cada vez mais pessoas é uma redundância. Assim sendo, é inegável, mesmo para os mais céticos, que o digital faz hoje parte do dia-a-dia das sociedades contemporâneas. Ele, o “digital”, está não só presente na relação das marcas com os consumidores, mas também nas operações mais funcionais do nosso dia-a-dia. É já uma ferramenta com a qual a economia não poderia sobreviver, pelo menos não da forma como a conhecemos hoje.

Associado a este lugar comum, não é muito difícil encontrar um outro, o de que por causa da presença crescente do digital no quotidiano das sociedades, existe cada vez mais “informação” a circular. Embora a palavra “informação” mereça nos dias de correm muitas aspas, não é complicado reconhecer que o digital democratizou em muito o acesso aos dados que em alguns momentos pode gerar mais e melhor informação e que de alguma forma poderá gerar conhecimento mais aprofundado não só do meio que nos circunda mas também de nós próprios.

Questão fundamental

O contexto do pensamento sobre o tema da acessibilidade torna-se mais interessante quando sobre esta perspectiva, começamos a juntar aquilo que são os seus mitos e o que consideramos como os lugares comuns do digital, não sendo muito difícil a dada altura chegar a uma questão fundamental: se vivemos numa sociedade cada vez mais digital e em que existe cada vez mais informação disponível, estará mesmo essa informação acessível a todas as pessoas, independentemente das suas diferenças?

A resposta a esta pergunta é, nos dias de hoje, decepcionante: não. Não essa informação não está acessível a todos. Ela é um privilégio a que muitos utilizadores, muitas pessoas, não conseguem aceder muito por causa das suas limitações os diferenças.

Por muito que nos custe, e deve custar bastante, se analisarmos o tema de forma muito pragmática, não é muito complicado perceber que a generalidade dos produtos digitais que a maioria de nós utiliza, esquecem, por norma, a utilização de pessoas com algum tipo de deficiência.

Faz algum sentido esta afirmação? É uma visão demasiado pessimista? Então vejamos.

Cenário atual

Em 2013 o Departamento da Sociedade de Informação da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, um instituto público Português, realizou um estudo que analisou os 338 sítios web institucionais que compõem o universo dos estabelecimentos de Ensino Superior em Portugal. Dessa análise foi possível concluir que 0 (um número bastante redondo) cumpria os requisitos de nível A constantes das directrizes de acessibilidade WCAG recomendadas pelo Consórcio Internacional W3C, que permite uma classificação dos websites numa escala de conformidade em três níveis: A, AA e AAA.

Atualidade das preocupações

Embora os dados sejam do ano de 2013, o resultado deste estudo só por si reflecte um cenário nada animador, ainda para mais se olharmos para o facto de que segundo a legislação portuguesa todos os sítios da esfera pública em Portugal deveriam garantir aos seus utilizadores um nível de conformidade AA com as directrizes de acessibilidade (WCAG). Ainda para mais, no caso especifico deste estudo, nem estamos a falar de algo que possamos considerar de supérfluo, estamos sim a falar de educação, um dos pilares das democracias modernas.

Mediante este cenário, o senso comum dirá que a realidade nos dias de hoje é muito melhor. Que este estudo de 2013, não reflecte aquilo que é o panorama actual. É verdade que o estudo tem algum tempo e foi feito num contexto muito concreto, o português. Mas é muito fácil fazer a prova dos nove.

Um exercício simples

Façamos, cada um de nós o seguinte exercício. Vamos olhar para os sites que costumamos utilizar no nosso dia-a-dia e em seguida vamos testar em que ponto estão esses sites nas directrizes de acessibilidade (WCAG), através de ferramentas como por exemplo o Access Monitor da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Que resultados estaremos à espera? Será que os sites que utilizamos todos os dias estarão preparados para serem utilizados por todos? É fácil responder, basta testar!

Utilizadores que são pessoas

Mesmo quando olhamos para muitos dos estudos que nos relatam o cenário nada animador da acessibilidade ou comprovamos no ponto em que estão os produtos digitais que utilizamos no nosso dia-a-dia, mais tarde ou mais cedo aparece na discussão a frase recorrente que quase que legitima o esquecimento do tema da acessibilidade: “mas, o número de utilizadores que estamos a falar não é relevante”.

Primeiro que tudo seria importante lembrar que não são simplesmente “utilizadores”, são pessoas, pessoas reais, quase todas elas com exemplos e testemunhos de vida fantásticos. Pessoas que mesmo apesar de todas as suas diferenças, nos podem dizer, através das vivências do seu dia-a-dia, que é impossível não acreditar que qualquer um se pode superar a si mesmo.

Desafios com rostos

Pessoas reais como o Abel, o Abílio, a Adelaide, o Adriano, o Afonso, o Alberto, o Alexandre, a Alice, o Amadeu, a Ana, a Anabela, o André, o Anselmo, o Antero, a Armanda, o Artur, o Baltasar, a Bárbara, a Beatriz, o Bernardo, a Bianca, o Bruno, a Cármen, a Catarina, a Cátia, a Cesária, a Cláudia, o Cláudio, a Conceição, a Dália, o Damião, o Daniel, o David, o Delfim, a Diana, o Dinis, o Diogo, a Dora, a Eduarda, o Fábio, a Fátima, o Fernando, a Filipa, a Florbela, a Gabriela, a Graça, a Idália, a Isabel, o Ismael, o Ivo, o João, o Joaquim, o Júlio.

Ou ainda a Laura, a Laurinda, o Leonardo, a Lídia, o Lourenço, a Lúcia, a Luísa, a Madalena, a Mafalda, a Márcia, o Marcos, a Margarida, a Maria, o Mariano, a Marina, a Marta, o Martim, a Maura, a Melissa, o Miguel, o Moisés, a Nádia, a Natália, o Nélson, o Norberto, o Pascoal, o Patrício, a Paula, o Pedro, a Sabrina, a Salomé, a Sandra, o Sérgio, o Silvano, o Sílvio, a Tatiana, o Tiago, o Valter, o Vicente, o Victor ou a Vilma, representam não só os rostos por detrás do “número de utilizadores que não é relevante” mas também a crença que está muito por fazer na sua inclusão, também na área do digital.

Verdade dos números

Os números são muitas vezes argumento para que o tema da acessibilidade seja subscrito para segundo plano. Muitas vezes, dizer que o “número de utilizadores que não é relevante” é premissa mais que suficiente para que no desenvolvimento de um novo produto digital, as preocupações com a acessibilidade sejam classificadas apenas como “mais-valias” ao invés de classificadas como “essenciais”. Contudo, quando superamos todos os preconceitos ou estereótipos que possamos ter e vamos à procura da verdade escondida por detrás dos números e das estatísticas, vemos facilmente que o número de utilizadores relacionados com o tema da acessibilidade não é assim tão irrelevante quanto isso.

Por exemplo, segundo os censos de 2001, em Portugal, o número de pessoas com algum tipo de deficiência física ou psíquica era de 636.059, ou seja, cerca de 6% da população portuguesa. Embora estes dados sejam referentes apenas a uma realidade local, a portuguesa, eles representam também situações em que as limitações são bastante acentuadas. Mas, existem um grupo muito mais alargado de limitações, que podem em muitos casos passar despercebidas à generalidade das pessoas, mas que não raras vezes se tornam barreiras muito difíceis de transpor no dia-a-dia.

Na acessibilidade nem tudo são extremos

Uma dessas limitações, pode muito bem ser, por exemplo, o daltonismo. O daltonismo caracteriza-se por ser uma perturbação visual, geralmente de origem genética que essencialmente afecta a interpretação e distinção parcial ou total das cores. É uma incapacidade que afecta maioritariamente os homens. A dificuldade na leitura e distinção das cores pode parecer algo acessório, mas em muitos casos torna-se numa limitação bastante significativa. Basta imaginar o volume de informações que nos são transmitidas com recurso à cor todos os dias. Seja através de interfaces digitais, ou até mesmo sinaléticas ou embalagens de produtos, muitos são os espaços e formatos em que a cor para além de uma dimensão emocional ganha também um cariz informativo.

Também nesta limitação muito concreta, os números refletem uma realidade bastante abrangente. Por exemplo, segundo os cálculos de algumas organizações não-governamentais, estima-se que aproximadamente 10% da população masculina mundial, cerca de 350 milhões de pessoas, sofra de algum tipo de daltonismo. Destes 350 milhões de pessoas em todo mundo, 59% identifica apenas algumas cores; 37% não sabe de que tipo de daltonismo sofre; 64% considera que a confusão na percepção das cores é o seu maior problema; 52% sente que é bastante difícil ser integrado socialmente; 90% pede ajuda a terceiros quando vai comprar roupa.

Quando olhamos para todos estes números com rigor, é quase impossível acreditar que estas percentagens de pessoas podem não ser relevantes para qualquer marca. Para além do quadro de valores que pode e deve pautar a acção de uma marca na criação de uma economia mais inclusiva, em termos de público e potenciais oportunidades comerciais serão estes grupos de pessoas assim tão irrelevantes? Poderão as marcas no desenvolvimento dos seus produtos digitais, não trazer o tema da acessibilidade para o projecto, excluindo todos estes segmentos?

Oportunidade dos “criativos”

Existe um momento no debate do tema da acessibilidade que se pode tornar simplesmente numa guerra de números. O momento em que se começa simplesmente a calcular, quem pode ou não ficar de fora do foco de um produto digital em desenvolvimento é o momento em que os “criativos” podem e devem fazer toda a diferença.

Os “criativos”, sejam eles de que área for, são por natureza “problem solvers”. Assim, no fundo, independentemente da sua educação ou experiência, um “criativo”, no verdadeiro e mais amplo sentido da palavra, é alguém que olha ao seu redor, encontra e resolve os desafios do quotidiano. Vê o que ninguém vê das formas mais inusitadas possíveis. Preocupa-se com quem muitas vezes ninguém se preocupa. Acredita que o mundo é muito mais que um gigantesco aglomerado de bits e bytes, planos de negócios ou estatísticas impessoais.

São também os “criativos” os grandes responsáveis por muitas das soluções que as marcas trazem ao nosso quotidiano. Sejam por exemplo, as mensagens, os conteúdos, os produtos ou serviços, cada vez mais resultado de ideias inovadoras e com potencialidade para “mudar o mundo”.

Novas gerações

Existe, um pouco por todas as latitudes, toda uma geração, que já não se rege pelas simples diferenças de idade mas sim pela visão global e digital que tem do mundo, que está a construir o nosso dia-a-dia através de todo o seu trabalho, através de experiências e interfaces digitais, muitas vezes feitos a horas estranhas, com uma dose transcendente de dedicação e um investimento quase irreal.

São estes “criativos” que através de tudo aquilo que criam todos os dias, que podem construir as fundações de uma world wide web cada vez mais inclusiva, não com grandes revoluções mas sim, levando para o centro das suas ideias o tema da acessibilidade.

E o mais ridículo de tudo isto? A acessibilidade no contexto do digital não é, nenhum monstro, pois não custa fortunas, ao contrário daquilo que o senso comum dirá, e também não requer complexos processos de implementação ou validação. Por incrível que pareça, a acessibilidade no digital, um pouco como o essencial da vida, decide-se através das pequenas coisas.

Pequenas coisas no digital

Dizer que a acessibilidade no desenvolvimento de produtos digitais se decide nas pequenas coisas, poderá à primeira vista parecer demasiado simplista. Mas, se se analisar bem a questão e a forma como este tema pode ser abordado, esta ideia “simplista” não estará de facto muito longe da verdade.

Mas afinal que pequenas coisas são estas? Serão assim coisas tão pequenas?

Qualquer produto digital, seja ele um website, uma app ou uma outra solução, durante o seu processo de desenvolvimento, por norma, tem sempre uma componente bastante forte quer de desenho de interface – design – quer de implementação – código – duas etapas fundamentais. Quer seja no design ou no código, estes são dois momentos essenciais no projecto para se questionar como estará o nosso produto a integrar as pequenas coisas relacionadas com a acessibilidade.

Perguntas práticas

Durante um qualquer projeto digital, poderemos questionar, por exemplo, no design, coisas tão pragmáticas como:

  • O nosso interface é tão simples que poderá ser compreendido por qualquer utilizador? Independentemente das suas limitações físicas ou psíquicas?
  • É possível recorrer só ao teclado para utilizar o nosso produto? Como é que é feita a navegação através dos elementos?
  • Como estão os contrastes de cores no nosso produto? Esses contrastes facilitam a leitura dos elementos? Em algum momento do projecto conseguimos testar esses contrastes?
  • As ações e botões do nosso interface estão claramente identificados? E as suas medidas são confortáveis seja para quem for?
  • Estamos a utilizar formulários no nosso produto? Conseguimos utilizar algumas das melhores boas-práticas para o desenho destes elementos?

E também no código, poderemos pensar sobre, por exemplo, pequenas coisas como:

  • Como será interpretado o código por um leitor de ecrã? Podemos facilitar esta interpretação?
  • O nosso código segue as melhores boas-práticas em termos de semântica de HTML5? É fácil perceber a estrutura da página através desse código?
  • Foi prevista a hipótese de que os elementos de texto podem ser aumentados? Quando são alterados esses elementos a página mantém a sua formatação?
  • Existe a possibilidade de na ferramenta de gestão de conteúdos inserir um texto alternativo para fotografias? Esse texto alternativo está a ser bem utilizado?
  • Como estamos a integrar no nosso código as directivas de acessibilidade? Qual é a classificação de conformidade do nosso produto?

Aprender e testar constantemente

Nenhuma destas questões, seja no âmbito do design ou do código, obrigam a que num novo produto digital sejam feitas transformações significativas. Todas estas pequenas coisas, são simples melhorias que num momento ou outro podem ser introduzidas no projeto. De várias maneiras, vão melhorar em muito a forma como o nosso produto integra aquilo que são as boas-práticas da acessibilidade e por consequência a sua utilização do dia-a-dia, seja porque pessoa for e independentemente das suas limitações.

Mas atenção, trabalhar a componente de acessibilidade num produto digital é antes de mais admitir com toda a humildade que nunca nada é um dado adquirido. É necessário nunca perder o sentido critico, deixar de procurar novas soluções, parar de investigar ou partilhar ideias com a comunidade. É nunca esquecer de testar com pessoas reais o trabalho que vamos desenvolvendo e pelo caminho aprender com o contexto do dia-a-dia quais são os desafios essenciais.

Pensar para as minorias

É fundamental, partir do pressuposto que o trabalho da acessibilidade é essencialmente uma tarefa relacionada com as pequenas coisas. Mas que apesar disso, podem melhorar em muito a utilização dos nossos produtos digitais. Da mesma forma, que é igualmente importante imaginar como poderemos estrategicamente integrar, cada vez mais, um pensamento inclusivo em tudo o que fazemos.

Qualquer projeto, qualquer ideia, parte na generalidade das vezes de um cenário. Seja um cenário que documenta uma necessidade ou uma ambição, esse contexto é baseado em pessoas reais ou imaginárias. A partir deste momento o projecto vai crescendo e cumprindo etapas atrás de etapas até chegar ao seu final. Contudo, quase todo este cenário é pensado num contexto ideal onde tudo é perfeito e tudo corre bem.

Do específico para o geral

Então e se na definição destes cenários, ao invés de imaginarmos o nosso utilizador como perfeito, pensarmos que ele pode ter algum tipo de limitação? Se imaginarmos que ao invés de ele conseguir utilizar o nosso produto com todas as suas faculdades, tiver algum tipo de barreira física ou psíquica? Com este tipo de exercício não estamos, muito longe disso, a comprometer o contexto de desenvolvimento do nosso projecto, pelo contrário, estamos sim alargar o nosso âmbito incluindo na estratégia diferentes tipos de utilizadores.

Incluir no projeto “personas” com diferentes tipos de limitações é um exercício valoroso para logo numa fase inicial trazer a acessibilidade para o debate. Trabalhar num contexto em que o utilizador do nosso produto digital tem algum tipo de limitação, faz com que possamos permitir não só com que essa pessoa usufrua do nosso trabalho, mas também não exclui de forma nenhuma a utilização por parte de pessoas na totalidade das suas capacidades físicas e psíquicas.

A cima de tudo o que este exercício faz é incluir as minorias, ao mesmo tempo que não exclui as maiorias. Incluir as minorias, inclui também as maiorias e o contrário quase nunca se consegue encontrar.

Porquê razão é isto importante?

Quando o tema da acessibilidade se torna uma premissa de referência e se faz questão de o introduzir no desenvolvimento de qualquer produto digital, não raras vezes corremos o risco de ouvir a mesma pergunta: “Mas porque motivo é que tenho que me preocupar com isto? Não está no âmbito do meu projeto.”.

A resposta é tudo menos matemática e está muito longe de ser consensual. Mas, primeiro que tudo é precisamente isso que os “criativos” fazem, pensar em pessoas, independentemente da sua raça, crença, educação, estrato social ou limitações. Depois e não menos importante, porque acreditamos, nós “criativos”, os verdadeiros “criativos”, que o mundo será um lugar muito mais rico se ao invés de olharmos para as nossas diferenças, olharmos para aquilo que nos torna verdadeiramente iguais.

É difícil mudar o mundo todo de uma vez e num só dia. Mas, sem sombra de dúvidas que são as pequenas coisas do dia-a-dia que criam as grandes mudanças.

Fotografia © Natalie Grainger (Unsplash)