Dizer que os produtos digitais mudaram a forma como os consumidores vivem o seu dia-a-dia é hoje um perfeito lugar-comum. Esta não é mais uma constatação que possamos aferir ou não, é uma das mais claras evidências da sociedade contemporânea.
Existem hoje negócios que não existam há alguns anos, muito poucos, atrás. Apareceram, com esta evolução, um conjunto bastante alargado de novas profissões enquanto outras quase que desapareceram. Os hábitos de consumo são diferentes, as necessidades e exigências também.
Toda esta evolução fez-se às custas do digital que foi crescendo sobre as nossas cabeças, mas também com o empenho e inovação de muitos profissionais. Áreas que se souberam transformar e agarrar as oportunidades, assim como os desafios que lhes foram aparecendo, através da criação e desenvolvimento de produtos digitais para muitas das necessidades da vida quotidiana.
Educação, indústria criativa e os produtos digitais
Se olharmos para tudo aquilo que são os desafios e oportunidades na criação de produtos digitais no contexto atual, é muito fácil perceber a importância da educação contínua e especializada no percurso de desenvolvimento de qualquer profissional. Por conseguinte, tudo isso tem contribuído, como em muitas outras áreas da indústria criativa, para que a educação e as propostas formativas a ela associadas tivessem nos últimos anos, tido uma evolução exponencial.
Seja pela adoção de novos modelos pedagógicos, a relação mais próxima com o mercado de trabalho ou ainda o foco na abordagem eminentemente prática, muitas são as propostas formativas que dentro e fora de Portugal têm contribuído para a capacitação, qualificação e especialização de toda uma nova classe de profissionais que trabalha o digital não como resultado do êxodo de outras áreas da criatividade, mas sim como nativos nesse contexto.
Nunca como agora existiram tantas escolas capazes de formar profissionais de excelência ou uma necessidade tão grande de pessoas capazes de pensar e desenhar produtos digitais. Nunca como agora existiram tantas redes e o trabalho em parceria foi tão relevantes para a atividade dos vários intervenientes – profissionais, empresas, escolas, associações, etc. – daquela a que podemos chamar de indústria criativa.
Clube da Criatividade de Portugal
Contudo, indústria criativa é por si só um termo muito difícil de definir fronteiras. Enquanto o termo “indústria” pode facilmente delimitar um determinado imaginário, “Indústria criativa” traz consigo a falácia do termo “criatividade”, que complica de diversas formas a interpretação desta indústria que faz, no final do dia, “coisas criativas”.
Para lá das discussões semânticas do termo, indústria criativa, muito tem que ver com a ideia de comunidade. A comunidade que com o tempo e a partilha, se constrói e transforma, criando em si mesma “lugares” de encontro e reflexão.
O Clube da Criatividade de Portugal é ele mesmo um desses lugares. Fundado em 1997, nasceu com o principal objetivo de valorizar o que de melhor que se fazia na criatividade comercial em Portugal. Por conseguinte, áreas como a publicidade, o design, os eventos, o digital, o marketing relacional, a ativação de marcas, as relações públicas ou até mesmo nos meios, sempre tiverem no Clube um lugar de reconhecimento e prestigio.
Hoje, o Clube é muito mais que um simples conjunto de prémios. É em muitos sentidos, um “lugar” de encontro de profissionais e de ideias, de empresas e de projetos, que em muitos momentos partilha o que de melhor se faz e reflete qual o rumo desta indústria a que se dá o nome de “indústria criativa”.
Isto não é para velhos
Anualmente o Clube da Criatividade de Portugal, realiza o seu festival para em conjunto com toda a comunidade criativa celebrar, premiar e refletir sobre o que de melhor se faz nas diferentes áreas da criatividade em Portugal.
Desde 2013, designado também de Creative Jam – Semana da Criatividade de Lisboa, o Festival do CCP, conta com o apoio estratégico da Câmara Municipal de Lisboa, e promove junto da comunidade criativa, mas também do grande público, um programa muito alargado de atividades, que vão desde exposições, conferências, workshops, concertos, e que termina com a gala de entrega de prémios do Clube da Criatividade de Portugal.
Todos os anos, para além do espaço de celebração do que de melhor se faz na comunidade, o Clube propõe, através do programa da Creative Jam, a reflexão sobre uma temática específica. Em 2018, a premissa que vai desafiar a comunidade criativa de 16 a 20 de maio em Lisboa será “Isto não é para velhos”.
Mas este não é um tema saudosista. É sim um desafio que procura de forma muito clara homenagear todos aqueles que com o seu talento e dedicação contribuíram para aquilo que é hoje a comunidade criativa em Portugal. Por outro lado é igualmente um mote que não deixa de ter a ousadia de tentar imaginar o futuro de uma comunidade feita de referências, mas também de irreverências.
Como se ensina a pensar e desenhar produtos digitais?
Aproveitando o festival do Clube da Criatividade de Portugal, como um “lugar” de encontro da comunidade e ainda o tema introspetivo da edição de 2018, “Isto não é para velhos”, surgiu a ideia de aproveitar este espaço para refletir em conjunto sobre dois temas muito sensíveis dos dias de hoje para toda a comunidade: a educação e o digital.
Dos muitos desafios que o contexto atual coloca à comunidade criativa, a educação do digital, ou melhor dizendo, a educação para o desenvolvimento de produtos digitais, é sem sombra de dúvida uma das grandes áreas de trabalho do futuro. Por outro lado, existe toda uma economia que está a crescer com o aparecimento de novos produtos digitais. Uma economia que reconverte serviços essenciais para o quotidiano das pessoas em experiências digitais e onde a comunidade criativa tem um papel preponderante a desempenhar.
A ideia da iniciativa “Como se ensina a pensar e desenhar produtos digitais?” é bastante simples. Realizar dentro do programa do Festival do CCP e Creative Jam – Semana da Criatividade de Lisboa, uma conversa e uma exposição. Duas oportunidades, capazes de reunir alunos, professores e escolas, com um papel relevante na educação do digital, com especial foco no design de produtos digitais.
Contudo, a ambição da iniciativa vai muito para além da simples realização de uma conversa ou exposição. A preocupação fundamental passa por permitir que, em conjunto, comunidades criativa e educativa possam partilhar desafios e oportunidades. Ao mesmo tempo que dá visibilidade ao muito do trabalho desenvolvido pela academia nas mais diversas vertentes do design de produtos digitais.
A curadoria da iniciativa é de Ruben Ferreira Duarte, Head of UX/UI da Innovagency e formador nas áreas de user experience e user interface.
Escolas participantes
A iniciativa só faz sentido com a participação de escolas, que têm ao longo do tempo desenvolvido um trabalho relevante na área do digital. É certo que cada proposta pedagógica tem as suas especificidades. A riqueza não esteve em tentar padronizar ou uniformizar as escolas participantes, mas sim, em tentar reunir um grupo plural, com diferentes abordagens e geografias.
Participam da iniciativa “Como se ensina a pensar e desenhar produtos digitais?” as seguintes entidades de ensino nacionais:
- EDIT Disruptive Digital Education
- ESAD CR Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha
- ETIC Escola de Tecnologia Inovação e Criação
- FLAG
- IADE Creative University
- Pós Graduação em Digital Experience Design da Faculdade de Belas Artes de Lisboa
- Restart
- The New Digital School
- Universidade Lusófona
- World Academy
Conversa
A conversa de palco com o mesmo nome da iniciativa, “Como se ensina a pensar e desenhar produtos digitais?”, decorrerá no dia 17 de Maio às 18h30 no Mercado de Santa Clara em Lisboa, local onde se realizam todas as atividades da edição de 2018 do Festival do CCP.
Para partilhar a sua experiência, a conversa contará com a presença de quatro professores de algumas das escolas participantes na iniciativa:
- Hugo Froes (Tutor da EDIT)
- Gabriel Augusto (Diretor da FLAG)
- Mafalda Sequeira (Docente da Pós Graduação em Digital Experience Design)
- Tiago Pedras (Fundador e Mentor da The New Digital School)
Exposição
A exposição integrada na iniciativa “Como se ensina a pensar e desenhar produtos digitais?”, estará aberta ao público também no Mercado de Santa Clara em Lisboa, de 16 a 20 de Maio e contará com a apresentação de trabalhos de alunos das dez escolas participantes.
Apoio oficial
Seguindo o modelo de suporte e patrocínio do Festival do CCP e Creative Jam – Semana da Criatividade de Lisboa, através da sua associação a diferentes marcas, a conversa e exposição da iniciativa “Como se ensina a pensar e desenhar produtos digitais?” terá o apoio da Worten, uma marca do mercado nacional pertencente ao grupo Sonae.
Fotografia © João Cautela