Design Systems As A Service e o mercado nacional

Não será de todo coincidência que alguns dos design systems com maior reconhecimento, como o Material, o Carbon, o Spectrum, o Polaris ou ainda o Lightning (isto só para citar alguns), estejam por norma, associados a produtos digitais ou a marcas relacionadas com serviços tecnológicos. Na verdade, é na lógica iterativa e evolutiva associada aos produtos digitais que os design systems encontram o seu terreno mais fértil e onde podem ter um impacto muito significativo para as empresas.

Acontece, que quando olhamos para qualquer um destes ou de outros sistemas, corremos o risco de fazer uma análise pouco contextualizada e enganadora. É importante nunca esquecer, que qualquer um destes sistemas é o resultado de anos de investimento, trabalho árduo das equipas (muitas vezes com dezenas ou centenas de pessoas) e a melhor versão de um caminho que teve, sem dúvida, muitos desafios, tentativas e erros.

É fundamental não esquecer nada disto, especialmente se estivermos a iniciar neste preciso momento o trabalho de construção do design system da nossa própria empresa ou este esteja ainda nas suas primeiras iterações. Pela importância de um instrumento como são os design systems e o impacto absolutamente umbilical que estes podem ter no processo de construção de produtos digitais, será necessário, tempo, investimento e perseverança para se construir algo próximo de qualquer um destes exemplos extraordinários.

Contexto é tudo em design systems

Ao olhar para qualquer um destes exemplos, corremos também o risco de tentar padronizar e simplesmente replicar abordagens de outros. Embora seja fantástico que se possa encontrar online várias soluções de design systems prontos a utilizar, que podem servir de referências muito relevantes para o trabalho que possamos estar a começar, é mais importante ainda não esquecer, que em design systems (um pouco como no design em geral) o contexto é tudo. O contexto da empresa e do seu negócio por um lado e da equipa que construirá e fará a manutenção do design system por outro.

De que nos adianta simplesmente tentar copiar soluções de design systems de outros produtos digitais se a nossa equipa tem 100 vezes menos pessoas a fazer a sua manutenção? Será que a marca (que é muito mais que um logotipo), o seu posicionamento e a sua forma de falar com os consumidores, não deveria ter também uma palavra a dizer na construção do design system? E mais importante que tudo isto, quais são as necessidades de negócio da nossa empresa que vamos tentar suplantar com o design system?

Tudo isto são questões que nos devem fazer pensar, quando imaginamos simplesmente começar por copiar soluções, sem que façamos o trabalho de pesquisa inicial de percebermos que design system precisamos para a nossa empresa e o que fará sentido neste contexto em específico.

É sempre bom procurar ajuda

Até aqui, quase que foram só más notícias. Mas, está na altura de entrar na parte positiva! Primeiro que tudo é fundamental não esquecer uma coisa. Qualquer empresa, por mais complexo que seja o seu negócio, mais pequena que seja a sua equipa ou independentemente do seu estágio de evolução, se fizer sentido para o seu negócio, pode e deve ter um design system.

Não tem que ser o design system XPTO da Google, da IBM, da Adobe, da Shopify ou da Salesforce, mas sim o design system próprio e particular da empresa em específico. Aquele sistema que só faz sentido nesse contexto. Construído com o trabalho colaborativo e conhecimento de negócio irrepetível de todos os departamentos e pessoas da empresa.

E não estás sozinho! Com a consolidação dos design systems e o aumento redobrado da sua importância para o mercado dos produtos digitais, cresceu também a oferta de serviços de agências e consultoras neste campo e que podem ajudar em muito a tua empresa a começar ou a dar continuidade a este caminho. Agências e consultoras que através da sua oferta de serviços e conhecimento estratégia e técnico, podem ajudar qualquer empresa a construir os seus design systems, quer esteja a empresa numa fase inicial de evolução ou já em etapas de consolidação.

Everything as a service

Embora seja uma utilização relativamente abusiva (no bom sentido) do conceito everything as a service, o facto é que que existem no mercado nacional e internacional, propostas de serviços de design systems de agências e consultoras já bastante consolidadas. Propostas mais ou menos padronizadas que se adaptam ao contexto de cada empresa tentando servir de aceleradores na construção, especialmente em fases iniciais, dos design systems de vários tipos de empresas.

O conceito de “everything as a service” não é novo. Nos últimos anos (décadas talvez) assistimos à sua propagação por diferentes indústrias. Por exemplo, hoje já não compramos discos, temos um serviço de streeming para isso. Já não trocamos dinheiro em casas de câmbio, temos uma app para isso. Passamos cada vez menos tempo em frente à televisão a mudar de canais, temos uma (ou várias) plataformas para vermos o que queremos, quando queremos, onde queremos. Bens que se transformaram em serviços.

Muitas das necessidades do quotidiano estão hoje cobertas por “alguma coisa” as a service. E as agências e consultoras têm cada vez mais explorado este conceito, no leque de serviços que oferecem aos seus clientes. Se olharmos para a oferta de serviços de muitas agências e consultoras quer seja no mercado nacional ou internacional, encontramos propostas de soluções quase chave-na-mão, que terão com certeza os seus desafios, mas que no final do dia, podem ajudar em muito o processo de transformação digital de todas as empresas, independentemente da sua dimensão e setor de atividade económica.

Mercado nacional

Embora não seja o único inventário deste género que se possa fazer, este exercício de identificação de agências e consultoras (com escritórios em território nacional), com serviços relacionados com design systems, acaba por ser mais um indicador do grau de maturidade do mercado.

Nesta lista (organizada por ordem alfabética), vemos abordagens muito díspares ao tema, uma mais completas que outras. Ainda assim todas elas são excelentes referências para qualquer empresa que esteja hoje à procura de ajuda para começar o caminho de criação e manutenção do seu design system.

Bliss Applications

Emergn

Fullsix

Hi Interactive

Inetum

Innovagency

Miew

Pixelmatters

Significa

Tangível

Truewind

Xperienz

Mercado internacional

A acrescentar ao inventário de agências e consultoras nacionais, é também um exercício interessante, perceber como outras empresas, a nível internacional, promovem os seus serviços relacionados com design systems. Também aqui as abordagens são bastante diferentes entre si, algumas mais pedagógicas que outras, com foco no processo ou nas métricas de sucesso, mas todas elas (pelo menos aquelas que aqui se refere) com um grau de maturidade bastante grande enquanto proposta de serviço.

Big Medium

Design Systems International

Edenspiekermann

EightShapes

Frog

Meiuca

Nagarro

Netguru

Nine Labs

Paravel

Rangle

Sparkbox

Superfriendly

Think Company

Tuia

Wunder

Todas as sugestões são muito bem-vindas

Este apanhado de agências e consultoras e das suas propostas de serviços na área dos design systems é por definição um inventário incompleto. Seguramente, faltam aqui, especialmente no que toca ao mercado nacional, muitas agências e consultoras com propostas de serviços de design systems fantástico. Por isso mesmo, todas as sugestões e propostas de inserção de informação sobre mais empresas são muito bem-vindas e não deixes de enviar a tua mensagem via Linkedin.

Se este inventário e sugestão de algumas das agências e consultoras que em Portugal conseguir ajudar a construir o design system de alguma empresa que só agora esteja a começar este percurso, este exercício já valeu bastante a pena.

Fotografia © Isaac Smith (Unsplash)