O futuro pouco risonho do UX

O futuro de qualquer indústria, sem excepção do user experience (UX), é um espaço de interrogação super desafiante. Por um lado, tendemos a assumir que o futuro será algo mais ou menos com base naquilo que conhecemos hoje. Por outro lado, com base em tudo aquilo que já vivemos, tendemos acreditar que será algo incrível cheio de coisas que ainda nem conseguimos imaginar.

Como em tudo na vida, o futuro da indústria de UX andará algures no meio destes dois polos extremos. Nem tanto ao mar nem tanto à terra. O futuro será seguramente uma mistura de muita da realidade que conhecemos hoje, com uma pitada de coisas que ainda nem imaginamos o que sejam (e isto é fantástico).

Uma palavra a dizer

O mais interessante em todas estas discussões sobre o futuro é que este lugar, o “futuro”, não é uma coisa mágica ou mística. O futuro de qualquer indústria será tudo aquilo que os seus profissionais fizerem dele. Não temos que esperar pelo futuro sentados. Podemos e devemos, enquanto comunidade, decidir, discutir e partilhar que indústria queremos ter no futuro para o UX e partir para a construção dessa visão partilhada.

E todos temos uma palavra a dizer e um papel a desempenhar. Sejam designers Seniores, Júniores, Gestores ou Principals, ou ainda todos os designers que ainda nem se quer o são. Todos teremos um papel, bom ou mau, a desempenhar na construção deste futuro e é bom que tenhamos noção e responsabilidade disso.

Atenção aos sinais

Mas, existe sempre um “mas”, o futuro está lá longe, mas aqui no presente vemos sinais que nos devem preocupar bastante com este futuro. Para além de enquanto indústria ainda estarmos a falar das coisas básicas como a igualdade de salários entre homens e mulheres, ou a igualdade de oportunidades entre profissionais, existem aqui e ali sinais de preocupação relacionados com o papel do UX na sociedade.

O UX é coisa muito séria. Pode ter um impacto imenso, em muitos aspetos da vida quotidiana das pessoas e isso deve fazer os designers sentirem a sua responsabilidade. As decisões que tomamos todos os dias, relacionadas com as experiências que construímos têm um custo para as pessoas e significado.

Um pouco por toda a indústria, encontramos partilhas que nos desafiam a refletir sobre o trabalho que temos feito e como o temos feito. Opiniões e visões, umas muito mais críticas que outras, que nos devem fazer pensar e desafiar as equipas onde trabalhamos todos os dias, a fazer um trabalho mais estruturado, responsável e com um verdadeiro significado para as pessoas.

Nem tudo está perdido

Tudo isto são recortes de realidade. Não podemos enveredar por um caminho negativo e uma espiral de lamentação. Podemos e devemos ambicionar uma prática de UX mais responsável e sustentável. Ainda vamos perfeitamente a tempo de o fazer e construir um futuro mais risonho em comunidade.

Todas as decisões que tomamos no dia a dia contam e podemos sempre ter uma indústria melhor. Depende efetivamente de cada um de nós e da nossa capacidade de não nos “vendermos” a pretextos recorrentes, sejam eles de cariz orçamental, temporal, negócio ou qualquer outra dimensão. Nem tudo está perdido e o futuro está já ali ao virar da esquina.

Fotografia © Margot Richard (Unsplash)