A nossa convivência diária com a tecnologia, especialmente a tecnologia digital, habituou os nossos sentidos para que tudo aconteça dentro de um determinado ecrã e muitas vezes nem nos perguntamos o que acontece “offscreen”. Para lá das plataformas, apps e sistemas que utilizamos todos os dias, existe um sem fim de histórias incríveis, de pessoas e equipas, que todos os dias têm a responsabilidade de pensar, desenhar e desenvolver novas experiências digitais.
São estas as histórias, que publicação independente Offscreen quer contar. A tecnologia digital só faz sentido se tiver um propósito ao serviço das pessoas. Das pessoas que no seu quotidiano, precisam de pagar os seus impostos, gerir a sua vida, comprar produtos, viajar e um sem fim de outras coisas. Contudo, é importante não esquecer que a tecnologia digital não é um fim em si mesma, mas sim, mais uma, das muitas ferramentas criadas pelo homem.
Tecnologia em papel
Para lá da utilização diária da tecnologia, é igualmente fundamental refletir qual o caminho que estamos a percorrer e como é que a utilização destas ferramentas, está a moldar aquilo que é o comportamento humano. Esta reflexão pode e deve ser feita, não só por quem utiliza essa tecnologia, mas também com quem a constrói. Todos os profissionais, sejam eles designers, developers, ou de qualquer outro perfil. E esta é a missão da Offscreen.
A Offscreen é uma publicação impressa independente, criada por Kai Brach em 2012 e editada entre duas a três vezes por ano. É uma revista que procura mostrar as histórias e os pensamentos de quem trabalha com a tecnologia, mais do que falar sobre as técnicas. Uma publicação, para ser lida com calma, que fala de um mundo em mudança acelerada, mas que procura refletir com tempo sobre os temas mais profundos.
Numa clara provocação tecnológica, a Offscreen faz questão de dizer que o meio impresso não está morto. Através de uma direção de arte bastante cuidada e uma paginação muito clara, a Offscreen foi pensada para ser lida com prazer. E que melhor espaço para isso, do que uma revista impressa. Pode parecer contraditório, falar sobre tecnologia num meio impresso, mas esta ideia só persistirá até ao folhear das primeiras páginas da revista. A partir das primeiras linhas da Offscreen qualquer leitor, não ficará com dúvidas que aquele é o formato certo para as histórias que nos traz esta publicação.
Histórias sobre tecnologia e pessoas
Inspirada por muitos conceitos do “manifesto” The Slow Web de Jack Cheng, a Offscreen, reúne em cada edição um conjunto de histórias muito particulares. O conteúdo mais característico da publicação, são as suas entrevistas em forma de conversas informais com muitos profissionais de referência da indústria. Profissionais dos mais variados quadrantes, mas que através do seu testemunho pessoal, das suas experiências e aprendizagens, contribuem para esta reflexão maior, sobre a interação humana com a tecnologia.
Contudo, a Offscreen não são só entrevistas. Na publicação, poderemos encontrar também, visitas guiadas a escritórios de empresas, agendas do dia-a-dia de profissionais, artigos de opinião, ideias de projetos inovadores e muito mais. Os conteúdos à disposição são imensos, quer seja claro está na revista, ou então através do blog que embora num formato digital, mantém intocável a linha editorial.

Comunidade e suporte
Outra coisa que é fascinante no projeto da Offscreen, é a sua ligação com a comunidade e a forma como isso influencia o seu modelo de sustentabilidade. A Offscreen como qualquer outra publicação, precisa de publicidade para subsistir. Esta é uma verdade inegável. Mas no caso desta publicação, o conceito de publicidade transforma-se em algo que vai muito para além disso.
A revista, não inclui páginas de publicidade com imagens exuberantes ou de cores vivas. Ao invés disso, as marcas que apoiam a publicação, ocupam cada qual, uma dupla página (a preto e branco) no centro da revista. Comunicando através do seu logotipo e um texto, cada patrocinador, não se sobrepõem ou destaca da revista, mas faz sim, é parte integrante dela. Existe entre os conteúdos da publicação e a publicidade das marcas que a suportam, uma coesão incrível, não se sobrepondo nenhuma destas partes à outra.
Para além disto, a Offscreen criou ainda um programa a que chamou de Patrons. Os Patrons são leitores comuns, que em cada edição resolvem contribuir, através de um donativo adicional, para o projeto. Cada Patron, para além da revista, tem direito a ver o seu nome referenciado no website mas também na versão impressa da Offscreen.
Onde comprar?
Para além claro de se conseguir encomendar online cada número da revista na loja da própria publicação, a Offscreen pode também ser comprada em Portugal em alguns espaços específicos.
- Active Media (Lisboa)
- Startup Guide Store Lisbon (Lisboa)
- Under the cover (Lisboa)
- Porto Manifesto (Matosinhos)
Mesmo sendo, uma publicação periódica, quase todos os conteúdos da Offscreen podem ter uma leitura intemporal. Por conseguinte, pode ser uma excelente ideia, procurar na loja online da publicação, edições anteriores e começar por aí as leituras. Mais do que uma simples publicação sobre tecnologia, a Offscreen é sim, um contributo verdadeiro, para a reflexão do mundo que estamos a construir. Um mundo feito de desafios, mas que também pode integrar a ética que deve nortear a indústria, seja sobre que tema do quotidiano for.
Fotografia © Denys Nevozhai (Unsplash)