Procura-se designer gráfico que queira mudar de carreira e uma relação séria

Gostava de começar este texto sobre mudar de carreira a fazer uma promessa ao leitor. Não vou falar uma única vez daquela-coisa-que-todos-nós-sabemos-qual-é. Não porque o tema não seja muito sério (que é), mas porque gostava sim de falar, acima de tudo, de transformações positivas!

Existe uma frase muito conhecida de Abraham Maslow que resume bem tudo aquilo que não pode ser a carreira de um designer hoje. “Para quem só sabe usar um martelo, todos os problemas vão parecer pregos”. Podemos interpretar a frase de muitas formas, é verdade. Mas será relativamente consensual que uma das mensagens mais fortes é a provocação à necessidade de se procurar constantemente as ferramentas certas para cada desafio.

Design e a evolução para o digital

No que toca à área do design em particular, este desafio faz hoje ainda mais sentido. Se olharmos para todas as transformações que a área sofreu nos últimos anos, facilmente chegaremos à conclusão de que as ferramentas de hoje são muito diferentes das do passado.

O próprio papel e importância do design mudaram imenso. Alguns dos leitores lembrar-se-ão que em tempos houve que trabalhar design em digital era desenhar um website para uma resolução de 1024 (para Internet Explorer, claro está). Este website, muito provavelmente deveria acomodar algures um banner M-REC. Também se poderá lembrar, especialmente se for designer, que se já trabalhava em digital nessa altura certamente sentiu a necessidade de aprender AS2. Esta linguagem era uma base importante para trabalhar com o Macromedia Flash, para fazer todas aquelas interacções que se dizia que iam salvar o mundo. Acontece que o Flash não salvou o mundo e hoje o papel do designer vai muito além do desenho.

Os novos papeis do designer

Com a evolução da profissão e a vontade de muitos designer de mudar de carreira para o digital, tornou-se fundamental, mais do que saber “martelar”, saber onde martelar. Saber que tipo de martelo utilizar, se é que faz sentido utilizar um martelo. Por outras palavras, o papel do designer hoje, especialmente quando falamos das áreas de User experience (UX) e User interface (UI) em produtos digitais, vai muito para além da criação de imagens. Por conseguinte, para além de se saber, não só desenhar e prototipar um interface, seguindo as melhores boas-práticas, simples, diferenciador, representativo da marca, é muito relevante perceber como ir à procura das necessidades reais dos utilizadores, saber valorizar o conteúdo através da estratégia e perceber como organizar a informação de forma clara.

A juntar a tudo isto, é indispensável reconhecer que o design, em especial o UX/UI, é um exercício iterativo. Tudo isto só faz sentido e o produto digital só atingirá os seus objectivos de negócio se conseguirmos testar as ideias com pessoas reais no seu dia-a-dia.

É claro que tudo isto é um exercício de equipa. Uma grande (ou pequena) orquestra onde cada músico tem a sua missão. Mas para um designer que esteja a pensar migrar do design gráfico para o UX/UI, é muito importante ter uma noção clara de tudo aquilo que pode fazer. Para além de conseguir escolher muito melhor o tipo de trabalho que mais o motiva, essa visão 360º trará também o vislumbre de melhores oportunidades.

Procurar formação

Para além disto, é muito natural e enriquecedor quando se pensa em mudar de carreira, procurar alguma formação adicional nas áreas de UX/UI. É incrível a oferta que existe em Portugal. Para além da formação no ensino superior, existem muitas escolas de formação especializada. Todas estas escolas, são um acelerador incrível para alguém que queira fazer a transição entre o design gráfico e UX/UI. Por conseguinte, neste contexto de aprendizagem, através de um espaço confortável ao erro é possível aliar a dimensão teórica e prática, ou não fosse o design uma disciplina eminentemente prática. Com tudo isto, para além da panorâmica completa sobre a indústria, é possível ainda compreender e experimentar muitas das principais ferramentas do mercado de UX/UI utilizadas actualmente no pensamento, desenho e desenvolvimento de produtos digitais, feitos por pessoas para as pessoas.

Fotografia © Maddy Baker (Unsplash)