Que o tema dos design systems se tornou incontornável no dia a dia das equipas de Design e Development de produtos digitais, não será novidade para ninguém. Que as práticas das equipas hoje, em torno deste tópico, têm evoluído bastante, desde o tempo dos style tiles ou styleguides, também não terá nenhuma surpresa. O que por ventura poderá ser mais desafiante e aí sim trazer algumas surpresas ás assunções generalizadas, é perceber no concreto como as equipas de Design e Development de agências, consultoras e equipas in-house de produtos digitais, têm trabalhado o tema no seu quotidiano.
Quem está na indústria a trabalhar efetivamente o tema dos design systems, as soluções que foi encontrando ao longo do tempo para os desafios do seu contexto, os truques, as dicas e os modelos de relação entre as equipas. Tudo isto e muito mais consolida na prática do dia a dia das equipas, aquilo que é trabalhar com design systems e construir os produtos digitais do futuro, focados nas pessoas e nas suas necessidades pragmáticas.
Este é um cenário complexo de traçar. Para ter uma noção real do trabalho que as equipas, concretamente em Portugal, têm feito neste campo é preciso analisar o tema de várias perspetivas diferentes, confrontando diversas fontes de informação. É tudo isto e mais um punhado de coisas que se propõe fazer o estudo “Design Systems em Portugal: Quem? Como? Porquê?”.
Conversas “Design Systems tratados por tu”
A ideia de realizar um estudo em Portugal, que tentasse mapear aquilo que são as práticas das equipas no campo dos design systems não é nova. Tanto quanto foi possível apurar, nunca existiu em Portugal um estudo do género. A ideia ganhou ainda mais relevância, desde Março de 2021, altura que com o apoio do Clube da Criatividade de Portugal, a coordenação e curadoria de Ruben Ferreira Duarte e a generosidade imensa de dezenas de profissionais, começaram as conversas “Design Systems tratados por tu”.
Ao longo de várias sessões destas conversas, fomos conhecendo o que de melhor se faz no campo dos design systems, seja por portugueses ou equipas a trabalharem a partir de Portugal. Desde grandes produtos digitais até agências e consultoras, muitas foram as realidades e quotidianos de equipas que foi possível conhecer. Mas, tudo isto são visões parcelares da realidade. Pequenos fragmentos, fruto de contextos específicos, que analisados de forma isolada, tornam bastante difícil perceber onde estão os padrões.
É certo que juntando todos os tópicos abordados nas conversas, as partilhas das equipas, as questões colocadas pelos participantes em cada conversa, aquilo que se vai escrevendo e lendo sobre o tema, a visão sobre este cenário fica cada vez mais completa. Mas, faltava mais uma peça na consolidação desta visão, um estudo que envolvesse toda a comunidade (júniores, seniores e todas as posições intermédias), reunisse diferentes fontes de informação (qualitativa e quantitativa) e fosse capaz de traçar (ou pelo menos tentar) um cenário mais completo das equipas, das práticas e dos propósitos do trabalho dos design systems em Portugal.
Estudo “Design Systems em Portugal: Quem? Como? Porquê?”
A premissa do estudo é bastante simples. Ser mais um contributo para responder a três perguntas essenciais sobre o trabalho dos design systems em Portugal. Quem está a trabalhar o tema? Como o está a fazer? Porque motivo o está a fazer e com que finalidades? Três perguntas relativamente circunscritas, mas que no que toca aos design systems poderão ter uma imensidão de respostas diferentes, todas elas igualmente válidas.
É importante também dizer que este estudo, não se pretende assumir como uma fonte da verdade absoluta (ao contrário dos próprios design systems para os produtos digitais). Ele é tão somente mais um referencial para ajudar à consolidação de um possível retrato das equipas, das práticas e dos propósitos do trabalho dos design systems em Portugal. Poderão sempre existir visões complementares, paralelas ou até diferentes daquelas que o estudo propõe.
Pressupostos do estudo
Para ajudar a definir e clarificar os propósitos e constrangimentos do estudo, foi necessário definir alguns pressupostos iniciais a que ele deveria corresponder e que de alguma forma ajudariam a balizar todo o trabalho realizado. O estudo teve como pressupostos…
- Tratando-se da primeira edição da realização de um estudo deste género em Portugal (pelo menos tanto quanto se conseguiu apurar) e partindo de um cenário sem ponto de comparação consolidado, seria importante encontrar um equilíbrio entre a realização de um estudo sustentado que pudesse trazer alguma informação interessante à caracterização do mercado português e um tempo de execução relativamente curto (no máximo até ao final do ano de 2022).
- Não sendo o primeiro estudo do género a nível global, seria muito importante analisar exemplos de outros estudos e aprender com as suas propostas.
- Mesmo existindo bastante interesse em estudar a diferença do trabalho dos design systems entre o contexto de equipas de agências e consultoras em oposição às equipas in-house de produtos digitais, nesta primeira edição a opção deveria recair fundamentalmente por se fazer uma análise do contexto do mercado como um todo.
- O estudo deveria equilibrar a informação (qualitativa) recolhida junto dos convidados e participantes das conversas “Design Systems tratados por tu” e a informação (quantitativa) resultante do envolvido direto da comunidade, por exemplo, através de um questionário online aberto.
- Não excluindo qualquer perfil de profissional que queira participar, o estudo deve procurar focar-se essencialmente em perfis de profissionais técnicos relacionados intimamente com as disciplinas de Design e Development (esta última especialmente com Frontend).
Objetivos do estudo
Para além dos pressupostos, naturalmente, o estudo deveria ter como premissa, responder a alguns objetivos específicos. Tópicos que definem o propósito da sua realização e o ponto onde queremos chegar no final de todo o processo. Por isso mesmo, a realização deste estudo procura…
- Mapear as equipas e os profissionais de alguma forma relacionadas com o “mercado português” que estão a fazer bom trabalho dentro do tema dos design systems.
- Perceber o tipo de práticas dessas equipas no que toca à construção, manutenção e documentação dos design systems.
- Explorar e identificar os desafios mais recorrentes destas equipas relativamente ao tópico.
- Perceber até que ponto tem existido por parte das empresas nacionais uma procura ou uma maior consciência da importância do tema dos design systems para os produtos digitais.
- Compreender junto da comunidade quais os espaços de informação de referência sobre o tema e onde os profissionais procuram informação.
Para além destes objetivos, a realização deste estudo tem também um objetivo secundário. O auto-conhecimento da comunidade de si própria, neste caso muito específico sobre os design systems, tem também como objetivo provocar a “comunidade” a partilhar mais de si e do seu trabalho no dia a dia. Se dúvidas existissem, as conversas sobre design systems provaram que existe em Portugal um trabalho fantástico também no campo dos design systems.
Falta dar o passo seguinte: partilhar em quantidade e qualidade o trabalho que as equipas vão fazendo. A realização deste estudo tem também este objetivo. Mostrar o que de melhor se faz em Portugal no campo dos design systems, para que isso possa ser motivador da partilha de conhecimento no futuro.
Questionário “Design Systems em Portugal: Quem? Como? Porquê?”
Peça fundamental do estudo é o envolvimento direto da comunidade e dos profissionais das áreas de Design e Development. Ouvir, na primeira pessoa, as pessoas que todos os dias são responsáveis por construir e manter os design systems era um ponto fundamental de todo este trabalho. Desde o designer mais júnior ao developer mais sénior a opinião de todos e cada um destes profissionais é indispensável para se conseguir traçar um cenário o mais completo possível. Para isso, a comunidade e todos os profissionais são desafiados a participar no estudo “Design Systems em Portugal: Quem? Como? Porquê?” através do preenchimento de um questionário online.
Absolutamente anónimo, o questionário pode ser respondido por qualquer pessoa que trabalhe na área digital, mas destina-se essencialmente a profissionais das áreas do Design e Development (independentemente se trabalham ou não hoje com design systems) e demora no máximo ⏰ 10 minutos a responder. É muito importante lembrar que não existem respostas certas ou erradas. Só queremos a opinião de cada um tal e qual como ela é! Também pedimos a valiosa ajuda de todos na partilha deste questionário com colegas e amigos. Quanto mais respostas, melhor.
Agradecimentos
Este é um trabalho de comunidade e como tal é (e deve ser) muito maior que a vontade particular de alguém. É o resultado da partilha generosa de muitas pessoas que com o seu tempo e conhecimento ajudaram a colocar o projeto de pé. Um caminho que se faz caminhando e onde pelo meio vamos encontrando pessoas que acreditam tanto como nós numa comunidade forte, participada, capaz de falar sobre si própria e sobre os temas que lhe dizem respeito.
O lançamento à comunidade do questionário do estudo, marca um ponto importante neste processo. É também o momento ideal para agradecer a todos os Advicers do estudo que com as suas opiniões, experiências e contributos ajudaram a melhorar o desafio. É também a altura certa, para agradecer à equipa da Meiuca, particularmente ao Thiago Hassu e à Katy Miranda que tiveram a generosidade de partilhar um pouco do estudo realizado pela Meiuca sobre design systems no mercado brasileiro.
A todos um sincero e sentido obrigado!
Fotografia © Pine Watt (Unsplash)