Quando tentamos analisar o impacto, processos e ferramentas do design, nas suas várias disciplinas, é impossível dissociar essa leitura do contexto cultural, económico e tecnológico de cada época. O designer, enquanto agente para resolução de problemas na resposta a uma determinada encomenda, nunca se pode desligar de todas as variáveis em seu redor, seja qual for o desafio projetual. O design, através das soluções que cria, não só se inspira, incorpora condicionantes, mas também é ele próprio um agente de transformação.
Design enquanto processo
Dizer que a tecnologia é hoje parte integrante não só do produto de design, em qualquer uma das suas vertentes, mas também do processo é um tremendo lugar comum. É inquestionável o papel da tecnologia na transformação do design, para o bem e para o mal. Com a democratização tecnológica, qualquer designer tem hoje facilmente à sua disposição uma panóplia de ferramentas infindável.
O desafio atualmente, no que toca à prática do projeto de design, não está tanto nas ferramentas, mas sim no processo. É fácil numa pesquisa rápida pela internet encontrar milhares de referências de processos e abordagens a projetos de design, seja de que disciplina for. Contudo, a adaptação do processo a cada desafio em particular, dificilmente se coaduna com abordagens demasiado padronizadas. A par do padrão de cada abordagem é necessário deixar espaço para a transformação do próprio processo em si, garantindo que cada projeto tem a abordagem que exige e merece.
Novas formas de olhar para o projeto
Em todo o processo as equipas de design têm, naturalmente, um papel preponderante. É à equipa de design que cabe definir e implementar o processo mais indicado para cada desafio. O controlo de fio-a-pavio do processo e de todo o ecossistema do projeto é aliás, condição essencial para o sucesso do trabalho de qualquer equipa de design.
Apesar disso, a evolução tecnológica, demonstrou que poderemos estar no limiar de algo relativamente novo no que toca ao processo de design si. Dependente da disciplina do design, umas mais que outras, poderemos estar, num futuro não muito longínquo, perante um cenário onde as decisões no decorrer do processo são partilhadas entre a equipa de design e os algoritmos. Contextos que podem fazer, com que algumas decisões no processo não sejam tomadas pelo designer, mas sim por algoritmos desenvolvidos para o efeito.
Inteligência artificial ao serviço do processo
A inteligência artificial, pode muito bem ser um dos próximos participantes no processo de design. É legítimo que a dada altura se possa colocar a questão, de que forma é que a IA pode num processo de design, ajudar as equipas a realizarem determinadas tarefas? Será possível que o envolvimento desta tecnologia, possa libertar o designer, para tarefas nas quais o algoritmo não seja tão eficiente? Como será o processo de design, se encararmos a inteligência artificial, não só como um “entregável final”, mas também como mais um instrumento de trabalho do próprio processo de design?
As respostas a estas questões estão muito longe de serem claras, por muitas certezas que gostássemos de ter. A relação do homem com o algoritmo é daqueles temas tão recorrentes que a dada altura corre o risco de se tornar pura ficção-ciêntifica. Independentemente disso, o desafio de reflexão do papel da inteligência artificial também no processo de design é real e não é o futuro, é o presente.
Fotografia © Mathew Schwartz (Unsplash)