Aquilo que conhecemos hoje como design systems, nas disciplinas de design e development, é muito diferente daquilo que era até alguns anos atrás. As necessidades das pessoas no dia a dia face aos produtos e serviços digitais mudaram e com eles, naturalmente, a forma de pensar, desenhar e desenvolver esses mesmos produtos e serviços digitais.
Eventualmente é ainda muito cedo para traçar uma hipotética “história” dos design systems. É fácil perceber que toda a indústria com especialmente foco no mercado em Portugal, está na generalidade dos casos ainda a perceber o lugar desta ferramenta e como podem os negócios usufruir dela.
O papel dos livros
Independentemente de tudo isto, o tópico dos design systems, mesmo sendo um tema específico de comunidades técnicas, tem sido alvo nos últimos anos da criação de muitos e bons conteúdos. Sejam guias práticos, artigos de opinião, textos técnicos, livros, frameworks, truques e dicas, tutoriais, entre muitos outros tipos de conteúdos. Encontramos online (mas não só) extraordinárias referências de grande qualidade, algumas até gratuitas.
Os livros, sejam em formato eBook ou impressos, claro está, são um desses tipos de conteúdos. Embora a indústria do design e development seja ela muito digital (como não poderia deixar de ser), as edições impressas são ainda um formato bastante reconhecido. Talvez por se constituírem como um objeto físico ou por transmitirem uma certa notoriedade, os livros são ainda um formato bastante relevante da afirmação do conhecimento seja em que disciplina for.
Design systems
Embora a indústria prefira na generalidade dos casos, partilhar conhecimento, especialmente no que toca aos design systems, através de formatos online e mais interativos, encontramos também sobre design systems excelentes livros.
Uns mais técnicos que outros. Outros mais sobre dimensões estratégicas de gestão de sistemas. Outros até quase como casos de estudo que nos permitem descobrir passo-a-passo todas as etapas de construção e manutenção de um design system. No final do dia, cada leitor melhor que ninguém, saberá avaliar a relevância de cada publicação para os desafios da sua equipa. Para facilitar essa descoberta, aqui ficam algumas sugestões de livros especificamente sobre design systems.
Título A pattern language
Autores Christopher Alexander, Sara Ishikawa e Murray Silverstein
Ano 1977
Título Atomic design
Autor Brad Frost
Ano 2016
Título Frontend architecture for design systems
Autor Micah Godbolt
Ano 2016
Título Design systems
Autor Alla Kholmatova
Ano 2017
Título Expressive design systems
Autor Yesenia Perez-Cruz
Ano 2019
Título Building design systems
Autor Sarrah Vesselov e Taurie Davis
Ano 2019
Título Laying the foundations
Autor Andrew Couldwell
Ano 2019
Título Hack the design system
Autor Elisa Pyrhonen
Ano 2019
Título Design systems handbook (ebook)
Autores Marco Suarez, Jina Anne, Katie Sylor-Miller, Diana Mounter e Roy Stanfield
Ano 2019
Título Design systems in 90 days (ebook)
Autores Crystal Vitelli e Dan Mall
Ano 2022
Sugestão adicional
As inspirações podem vir de muitos lugares diferentes. O trabalho de design e development tem esta particularidade incrível de encontrar soluções para problemas das mais criativas formas. Quando falamos sobre design systems, poderemos facilmente descobrir algumas destas inspirações inusitadas.
Uma dessas referências, também em formato de livro, pode muito bem ser a publicação, editada em 1970, que concentrou todo o trabalho dos designers Massimo Vignelli e Bob Noorda na construção do sistema de sinalética do metropolitano de Nova Iorque entre os anos de 1966 e 1970. Esta publicação é um pequeno luxo.
O seu tamanho generoso de paginação modernista, para além do destaque que dá a todas as peças visuais do sistema de sinalética, explica também de forma bastante clara e infográfica a lógica que está por detrás dessa sinalética. O trabalho da equipa não passou só por pensar e desenhar os elementos visuais, mas também e principalmente, por criar um sistema conceptual que permitisse ajudar a guiar o utilizador do metropolitano no meio dos seus muitos caminhos labirínticos.
A importância deste pensamento sistémico e da construção de toda a lógica da sinalética antes mesmo dos artefactos visuais, é uma das razões pela qual esta publicação e projecto é tão interessante quando o tema é design systems. Não se trata, claro está, dos design systems como os conhecemos hoje, mas da utilização exímia de muitos dos conceitos igualmente fundamentais para os sistemas dos produtos e serviços digitais que ajudamos a construir e manter todos os dias.
Uma referência ainda atual
Tendo o projecto da sinalética de Nova Iorque mesmo alguns anos, ele continua ainda hoje a ser influência para muitas soluções. Mesmo quando as ferramentas são completamente diferentes da época, as lógicas por detrás do sistema, são de uma atualidade esmagadora. Mais recentemente o atelier Work&Co desenvolveu um projecto em conjunto com o Metropolitano de Nova Iorque com o objetivo de repensar a cartografia do metro e transformar isso num sistema de informação, capaz de ajudar os utilizadores daquele transporte na sua vida quotidiana.
Neste caso, ao contrário do projecto de sinalética, o desafio não passava por ajudar os utilizadores a orientarem-se dentro das estações de metro, mas sim, garantir a melhor gestão de tempo dos utilizadores no seu dia a dia quando têm que utilizar o metro. Ainda assim, é muito interessante, perceber também neste projecto, as influências do trabalho de Massimo Vignelli e Bob Noorda por um lado e por outro a importância do pensamento sistémico na construção de uma solução deste género.
Inspirações infinitas
Independentemente do formato, as inspirações no trabalho e pensamento de outros profissionais, serão sempre um caminho para o desenvolvimento de qualquer profissional, seja através de livros ou não. Aprender com os êxitos e fracassos de colegas de profissão é um caminho sustentado para a aprendizagem pessoal.
Uma forma de conhecer aquilo que outros profissionais fazem e de percebermos como isso pode ajudar a que cada um de nós possa construir o seu caminho mais particular. Nada disto tem que ver com cópia. Mas sim, em perceber com humildade o que de melhor podemos aprender com os outros, para conseguirmos enriquecer a comunidade com alguma coisa realmente relevante e que traga valor aos negócios das empresas.
Fotografia © Agnivesh Jayadeep (Unsplash)