Não vou revelar nenhum segredo obscuro sobre tecnologia ou de alguma das séries em voga no momento, numa das muitas plataformas de streaming do mercado, mas este texto corre o risco de gerar algum (muito) saudosismo aos seus leitores.
É comum olharmos a história pelo retrovisor. Aliás se assim não fosse assim não seria história, seria o presente. Quando pensamos na história da humanidade e nos factos que a marcaram, quase sempre vemos esses episódios como longínquos. Algo que aconteceu há muito tempo, em realidades e contextos difíceis de imaginarmos com algum grau de comprometimento (consegues imaginar o homem a viver em cavernas sem nenhum dos confortos de hoje?).
Contudo, a distância temporal dos eventos marcantes da história da humanidade e a nossa percepção deles, pode mudar drasticamente, quando falamos de tecnologia e muito em especial de tecnologia digital que é parte integrando do nosso quotidiano.
É comum dizer-se que vivemos num mundo em constante mudança, super acelerado e por aí em diante, com todos aqueles chavões da nossa época. Mas, se olharmos para a nossa própria vida pelo retrovisor e procurarmos todas as tecnologias que já vimos nascer e em alguns casos morrer, se não nos sentirmos de idade pré-histórica andaremos lá muito perto.
Máquina do tempo
Muitos daqueles que lêem este texto, seguramente ainda se lembraram de quando a internet vazia barulho. Aquele som eletrizante do modem a ligar à rede num ritmo quase frenético e à beira de uma explosão. Hoje em dia a não existência de um Wi-Fi minimamente decente, num qualquer hotel, já dá direito a uma review de uma estrela (ou menos) no Booking.
Também nos lembraremos com facilidade, de quando uma disquete (para quem não sabe o que é, é aquele ícone que aparece em muitos programas informáticos para guardar o ficheiro) tinha uma imensidão de espaço livre, 1.44 MB (sim é isto, não é engano) que nos serviam para guardar mesmo muita coisa. Hoje em dia, qualquer computador com uma capacidade abaixo de 1TB já imaginamos que vamos ter muitos problemas de espaço.
Também nos lembraremos certamente, das noites infinitas que passámos em conversas com amigos e desconhecidos, não no Whatsapp, mas numa coisa chamada de mIRC (em que canal de conversa do mIRC é que pensaste primeiro?).
Tempo passa a correr
Qualquer um destes exemplos, fazem-nos sentir o peso da idade. Acontece que estamos a falar na verdade de “meia dúzia” de anos. Não estamos a falar dos milhares de anos que nos distanciam dos homens das cavernas. Estamos literalmente a falar de um “punhado” muito pequeno de anos.
“O tempo passa a correr”, é coisa que a sabedoria popular costuma dizer. Mas no que toca à tecnologia, embora o tempo passe mesmo a correr, no nosso tempo de vida, ainda vamos conseguir assistir ao nascimento e morte de muitas das tecnologias que um dia vão figurar nos livros de história. Vamos poder dizer aos nossos netos, “ainda sou do tempo…”.
Fotografia © Agê Barros (Unsplash)