O design é quase sempre um exercício de alquimia. Não que andemos a misturar poções mágicas ou a combinar ingredientes para desenhar interfaces, por exemplo. Alquimia no sentido que percorrer todo o caminho que vai desde a identificação do problema até à implementação da primeira versão de solução, passando claro, por vários processos de teste, é um exercício que combina muitas inspirações diferentes.
Outros projetos de design de profissionais e equipas que admiramos, conhecimento vindo das mais variadas fontes, noticias, coisas simples do quotidiano, tudo pode representar uma inspiração interessante. Não temos, pelo menos aqui neste caso, que entrar na discussão do que é ou não uma inspiração. O processo de trabalho é algo particular e cada um de nós saberá o que funciona e o que não funciona para si.
Existe nesta equação um outro lado também super interessante, de grande importância igualmente e que pode ajudar em muito a que estas inspirações (sejam elas quais forem) possam efetivamente ser úteis num projeto. A forma como organizamos todas estas inspirações é uma trabalho imenso que pode e deve ser pensado com cuidado.
Se não vejamos. Vamos afunilar o tema só no dia a dia de um designer. Imagina a quantidade imensa de informação e referências que todos os dias te passam pelos olhos. Artigos técnicos, projetos no Behance, publicações no Instagram, partilhas de colegas, ebooks para descarregar ou ver online, etc. Uma vasta panóplia de referências que se não conseguirmos organizar ou catalogar de alguma forma, naquele momento em que precisares de alguma delas num projeto em específico não a vais encontrar. Quem nunca passou por isto? No outro dia vi uma coisa num website que me dava mesmo jeito agora. Onde será que guardei isto? Na maior parte das vezes a resposta será simples. Não guardaste!
Métodos e ferramentas úteis
Não vamos conseguir resolver todo este desafio de organização e catalogação de referências de uma só vez. Vamos ser claros e moderar expectativas desde já. Mas existem algumas fórmulas que podem ajudar a tentar organizar um pouco melhor toda esta informação para que no momento que mais precisarmos dela, não andarmos aos papeis. Temos algumas sugestões e é isso que aqui vamos partilhar contigo. Sabendo que cada um tem os seus métodos e ferramentas preferenciais, que funcionam no seu contexto, estas são mais algumas referências que te podem ajudar neste processo.
Atenção que as sugestões que aqui te trazemos não são métodos ou ferramentas genéricas. Não quisemos ir por esse caminho. As sugestões que partilhamos, são soluções que foram sendo testadas e aperfeiçoadas ao longo do tempo pelo meio do trabalho do DXD. Muito cedo existiu a necessidade de organizar e catalogar muitas referências de informação, no trabalho que leva até a edição de um artigo no DXD. Isso fez com que fosse necessário ir desenvolvendo métodos e escolhendo ferramentas que ajudassem nesse processo. São essas sugestões que aqui são partilhadas contigo.
1. Feed RSS
Os Feed RSS são uma ferramenta da internet bastante “vintage”. Basicamente eles permitem, através de plataformas próprias receber as atualizações de vários websites ao mesmo tempo num único lugar. Estas plataformas permitem também catalogar estas fontes de informação de várias formas o que pode ser ótimo. Existem versões gratuitas ou pagas. E evitam (e poupam bastante tempo) termos que andar de website em website a perceber o que há de novo.
2. Bookmarks no browser
Os bookmarks do browser são uma invenção incrível. Claro que são uma invenção muito básica! Mas permitem guardar quase tudo que encontramos online, organizar por diferentes pastas e no caso na esmagadora maioria dos browsers, é possível sincronizar os bookmarks de um dispositivo, seja ele um computador ou um smartphone, para utilizar noutro dispositivo.
3. Listas no Notion
Vamos clarificar um ponto logo a partida. Adoro fazer listas! As listas são um dos modelos mais interessantes e versáteis de organizar a informação. Também podem ser listas em formato de tabela. Melhor ainda, mais informação se consegue organizar. Se tudo isto poder ser feito de forma bastante simples e criando algum dinamismo na pesquisa e catalogação de informação, fantástico. Nisto o Notion pode dar uma grande ajuda!
4. Opções de catalogação no Mac
Embora muitos conteúdos estejam online, seguramente vamos precisar também de guardar muitos ficheiros no computador (preferencialmente com uma cópia também na cloud). O Mac tem várias ferramentas, para além da estrutura de pastas ou da pesquisa do Finder, que nos podem dar muito jeito. Seja a atribuição de cores a pastas ou a adição de palavras-chaves, estes são só mais alguns instrumentos que podemos utilizar para arrumar ficheiros (provavelmente muitos) nos nossos computadores.
5. Criar um blog
Não começou para ser assim, mas com o tempo foi fácil perceber que publicar conteúdos num blog, tipo o próprio DXD, utilizando as ferramentas de catalogação do WordPress, por exemplo, podia também ser uma bela forma de organizar referências. No DXD vais encontrar algumas áreas de curadoria de conteúdos de outros autores. É o caso da área de Dicionário ou Bibliotecas. Com o tempo, esta revelou-se também uma boa forma de organizar informação que ainda tem a vantagem de tornar público e partilhável este conteúdo.
Não há nada melhor que testar
Ao ver esta lista tão organizada de sugestões para a organização e catalogação de referências parece que é um produto acabado. Não é. Esta “fórmula” com muitas coisas até bastante básicas é o resultado de alguns anos de aperfeiçoamento e testes de dezenas de ferramentas. Este ecossistema de métodos e ferramentas foi o encontrado no caso do DXD para organizar e catalogar as centenas de conteúdos incríveis que todos os dias são partilhados pela comunidade e que muito inspiram o trabalho do blog.
Não vão funcionar em todos os contextos. Seguramente. Cada um de nós tem que encontrar a “fórmula” que mais sentido faça para si, para o tipo de informação que quer guardar e como a quer catalogar. É um processo em continuo. O que hoje funciona, amanhã pode já não ser a solução mais eficiente. Mas é mesmo assim.
Fotografia © Roman Kraft (Unsplash)